Chi ride per ultimo, ride con più forza ! *




segunda-feira, 4 de abril de 2011


Regresso àquele lugar, escuro, triste, recôndito, nostálgico, passado.
Ruínas do tempo, estragos da alma, aquele lugar abandonado vandalizado pela fuga dos sentimentos outrora tão contundentes e belos.
Os estragos que o tempo causou neste lugar são idênticos aos que o meu coração experimenta.
Substituiram-se os risos, os "amo-te pra sempre", os abraços, os beijos, os sentimentos mais audíveis que o ribombar de um tambor por uma paz,
uma serenidade que moem o interior, soltando saudade, pelos cantos dos pássaros que anunciam a chegada da Primavera mas no meu coração
sinto o Inverno da alma.
As janelas abertas deixaram escapar a felicidade.
Hoje estou condenada à pior das masmorras psíquicas, o arrependimento. Embora um sentimento nobre, neste momento é o meu pior inimigo.
Se o tempo voltasse atràs com um puxar da corda do relógio tudo seria diferente, não teria feito o que fiz.
Mas de que me vale isso agora? De nada, tenho que suportar a insuportável dor de ter que te ver com outrém que não eu. O meu coração pede clamor.
Na minha cabeça uma revolução tem lugar, ecoando os gritos de socorro da minha alma perdida. Bati no fundo e não vejo a luz. "Calem-se vozes, calem-se,
deixem-me em paz !"
É a minha estimada consciência que me traz à memória a culpa, o arrependimento, o egocentrismo e a infantilidade que usei como sendo as minhas armas 
para o fracasso.
Está um dia bonito, sereno lá fora, contrastando com a tristeza do lugar onde me encontro mas a vida não é isto mesmo?
Um contraste de cenários? Um conjunto de antónimos? A felicidade de uns não é a tristeza de outros? 
Quero soltar-me destas correntes psicológicas, embora livre fisicamente não o sou interiormente e essa é a pior prisão do ser humano, da alma.
O vento entra pela janela e vem ao meu encontro, como se quisesse trazer-me uma boa nova, como que visitar-me não me deixando completamente a sós 
naquele lugar repleto de saudade.
Despenteia-me mas sabe bem. 
Fico à espera como se a tua chegada ansiasse mas não chegas, foste embora e talvez para sempre.
Dias melhores se avizinham, assim o espero.


Um dia mais tarde também eu quero ser saudade para ser sentida desta forma, penetrando na alma de quem me procura e sendo a minha presença um reconforto para o coração, no entanto não passar disso, de saudade.


Textos de Sara Quelhas

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